A greve dos servidores do Poder Judiciário no Rio Grande do Sul foi encerrada, após mais de 100 dias de paralisação pela conquista do reajuste salarial da categoria. No texto abaixo, publicado pela presidente da Assojaf/RS, Clarice Camargo, a associação destaca o sentimento de união despertado ao longo dos meses de movimento paredista e a participação dos Oficiais de Justiça na luta pela reposição salarial.
A diretoria da Fenassojaf parabeniza todos os Oficiais de Justiça Avaliadores Federais que integram o movimento nacional de mobilização pela derrubada do veto ao PLC 28.
Confira o texto da Assojaf/RS:
Retornar ao trabalho, agora acumulado, e sem reposição ou reajuste pode causar um sentimento de tristeza para alguns. Mas o movimento grevista deste ano foi diferente e assim deve ser analisado.
O ganho monetário ainda está suspenso. Espera-se que seja atendida a falta de majoração dos vencimentos da categoria. Os Oficiais de Justiça, em especial, sofrem o impacto da falta de aumento da GAE e de reajuste da indenização de transporte, ambas congeladas há muitos anos!
A paralisação que atingiu todos os estados, durante este longo período, levou a categoria às ruas, mostrou que é possível fazer um movimento intenso, com atos coordenados em todo país. As caravanas, o contato permanente com os congressistas, a solidariedade entre servidores e os materiais empregados deram visibilidade para revelar à população a força da categoria organizada ao expor a defasagem salarial enfrentada pelos trabalhadores do Judiciário Federal.
Foi resgatado o espírito coletivo de lutas históricas por um objetivo comum e justo. O movimento de cunho sindical avançou para outras entidades dos servidores públicos que se uniram e vieram em apoio a várias ações afirmativas que se espalharam pelo Brasil.
A desigualdade de forças, contudo, apareceu em diversas oportunidades. Sofremos ataques da mídia impressa, televisiva e de internet. Todo momento vimos e ouvimos dados e informações repassadas de forma equivocada para a sociedade. Não conseguimos responder na mesma medida, haja vista grandes conglomerados agirem de maneira orquestrada contra os servidores federais e houve dificuldade de que a explicação correta chegasse à mesma proporção de alcance.
Para além dessas dificuldades, tivemos os adversários já conhecidos: o Executivo e o Legislativo, mas, também, o próprio Poder Judiciário, justamente, aquele que deve defender os interesses de seu corpo funcional. Talvez este tenha sido o fator mais negativo desse embate, porque se trata de não conseguirmos diálogo dentro da nossa própria “casa”. Embora tivéssemos alguns apoios aqui e acolá de magistrados e suas entidades, não foram suficientes para o convencimento da importância da valorização dos servidores que trabalham abnegados na busca da melhor prestação jurisdicional.
Quero destacar a participação dos Oficiais de Justiça nesse movimento paredista. Nacional e localmente, com certeza, foi o grupo de servidores que mais aderiu ao movimento. No Rio Grande do Sul houve a paralisação nas centrais de mandados ou varas em que estão lotados. Na capital, atingiu pico de mais de noventa por cento de adesão.
Em todos os ramos do Judiciário os Oficiais de Justiça se mantiveram unidos, em paralisação consciente da necessidade de sua atuação e se fizeram presentes nas concentrações, atos, assembleias, vigílias, caravanas e, ainda, no convencimento aos parlamentares, em todo período de tramitação e que ainda não se encerrou.
A greve foi um marco para toda categoria que se mostrou amadurecida e organizada para a defesa de seus direitos. Com os Oficiais de Justiça não foi diferente. Se não foi a maior do Judiciário Federal, com certeza, foi a que trouxe ampla consciência coletiva e de coesão da categoria.
A ASSOJAF, por sua presidente e diretores se fez presente em todo este período de paralisação, com adesão na mesma solidariedade classista que o momento requereu e, com orgulho, reconhece o trabalho de muitos dos seus associados que participaram de forma intensa nas atividades chamadas pelo movimento paredista.
Importante que os Oficiais de Justiça tenham percebido a força de sua organização, da necessidade de ter unidade na busca de direitos, de reivindicar, principalmente, quando se ocupa um cargo que requer constante atenção no direcionamento das demandas por ser diferenciado dentro do conjunto dos demais servidores do Judiciário Federal.
Há muitas lutas dos Oficiais de Justiça que aguardam esta união e foco, tão despertados na greve. A participação é o primeiro movimento a ser feito. Apropriarem-se das demandas específicas, incidirem nas deliberações sobre cargos e atribuições. Ocuparem os espaços para defesa de direitos.
Por fim, neste momento de retomada do trabalho, considerando o longo afastamento das atividades rotineiras, peço atenção reforçada no cumprimento das diligências de rua, e, desde já, reforço que está a ASSOJAF-RS está apta a acolher eventual dificuldade neste retorno, haja vista o agravamento da crise na segurança pública estadual nos últimos meses e o aumento dos índices de violência urbana.
Lembre-se: a greve está suspensa, mas o espírito de luta e de solidariedade despertados devem permanecer, na busca das nossas conquistas!
Clarice Camargo
Presidente ASSOJAF/RS
Da Fenassojaf, Caroline P. Colombo